Roteiro de fé e caldeirão de manifestações culturais, a região do Cariri, no Sul do Ceará, é também um dos principais polos de estudos paleontológicos do país. Em uma programação de dois dias, o visitante pode conhecer parte das escavações e fósseis espalhados em seis das 11 cidades da região e ainda vai ter tempo para apreciar um museu paleontológico, pontos de peregrinação religiosa e a arte local.
Em meio ao verde da Floresta Nacional do Araripe, são nove sítios de estudo que formam o Geopark Araripe, integrante da rede mundial de geoparques criada pela Unesco. Aviagem por registros da história da Terra pode começar pela Colina do Horto, a 3 km da cidade de Juazeiro do Norte, na porção norte da bacia sedimentar do Araripe. Na área da colina, onde fica a estátua do santo popular Padre Cícero, estão as pedras mais antigas do Geopark Araripe, com cerca de 650 milhões de anos.
A cerca de 550 m de altitude, na colina, é possível encontrar rochas de granito com manchas em pequenos cristais de cores preta, branca e rosa. Para fazer visitações dentro do Geopark é necessário agendar no site oficial. Os turistas têm de ser acompanhados por guias do parque, geólogos e biólogos.
Museu
De acordo com o professor e paleontólogo Álamo Feitosa, o “apego” aos estudos paleontológicos no Cariri começou há 23 anos, quando o então prefeito da cidade de Santana do Cariri, Plácido Nuvem, decidiu fazer o Museu de Paleontologia, administrado pela Universidade Regional do Cariri (Urca). Segundo o professor, o prefeito acreditava que o estudo dos fósseis tinha potencial turístico.
“Esta é uma terra rica para se estudar paleontologia, agora mesmo acabo de concluir uma escavação em Brejo Santo onde recolhemos 200 peças do período jurássico”, disse Feitosa, ansioso para encaminhar a nova coleção ao museu. As primeiras peças do museu foram doações de moradores que encontravam os fósseis em terrenos e plantações. Com entrada gratuita, somente em 2011, o museu recebeu 14 mil visitantes.
Réplicas de bichos e fósseis de plantas, moluscos, peixes, anfíbios, crocodilos, tartarugas e insetos podem ser apreciados entre as 10 mil peças no museu. Todos com idade entre 100 milhões e 140 milhões de anos.
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